Como evitar críticas de executivos após saírem da empresa?

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Peça de xadrez caída em um tabuleiro representando executivo demitido. (Imagem: Pexels)

A demissão de um executivo é sempre uma situação delicada, que pode gerar ressentimentos e críticas à companhia por parte do ex-colaborador.

Sendo assim, preparamos este artigo, a partir de uma entrevista com Guilherme Cavalieri, executivo de Recursos Humanos e atual presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de SP (ABRH-SP), sobre como evitar que isso ocorra. Acompanhe:

 

Ao término de uma relação profissional, é muito comum que ambas ou ao menos uma das partes saiam com as expectativas frustradas.

Sendo assim, muitas pessoas criticam a empresa em que já atuaram, ainda que isso possa prejudicar sua própria imagem. De acordo com esta publicação do site G1, em alguns casos, essa atitude pode ter consequências graves, levando os envolvidos à justiça.

É o caso de ex-colaboradores que revelam segredos da empresa. Eles podem ser processados mesmo que não haja cláusula em contrato proibindo esse comportamento.

Espalhar que a companhia passa por problemas econômicos ou administrativos, prejudicando seus negócios também pode gerar transtornos.

Neste artigo, vamos abordar como as organizações devem agir para evitar críticas de executivos que deixam seu cargo.

O conteúdo compartilhado aqui é extraído de uma entrevista com Guilherme Cavalieri, executivo de Recursos Humanos e atual presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de SP (ABRH-SP). Confira um resumo de seu histórico de atuação:

  • Atual presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos ABRH para o Estado de SP;
  • Diretor de Pessoas e Desenvolvimento Organizacional do A.C. Camargo Câncer Center;
  • Vice-Presidente de Desenvolvimento Humano da América Latina – Serasa Experian;
  • Diretor de Recursos Humanos – Construções e Comércio Camargo Corrêa;
  • Diretor Regional de Recursos Humanos – América do Sul e Central – LG Electronics;
  • Vice-Presidente de Gestão de Pessoas e Conhecimento – TAM Linhas Aéreas;
  • Vice-Presidente de Efetividade Organizacional – Boehringer Ingelheim Pharmaceuticals Estados Unidos;
  • Diretor de Recursos Humanos – Indústria Farmacêutica Boehringer Ingelheim do Brasil;
  • Gerente Geral de Recursos Humanos Tritec Motors; e
  • Gerente de Recursos Humanos Unilever do Brasil.

 

O que leva um executivo a falar mal de uma empresa após sua saída?

De acordo com Cavalieri, quando as relações se encerram, muitas vezes restam rancores e expectativas não cumpridas, tanto na vida pessoal quanto profissional. “Essa, provavelmente, é a razão que leva os executivos a falarem mal de uma empresa após sua saída”, define.

Conforme expõe, quando o executivo se engaja em uma empresa, ele faz planos a fim de construir sua carreira e deixar um legado. “Quando isso é interrompido, acaba gerando frustrações”.

Ele ressalta que, muitas vezes, o executivo pode estar em sua razão, em outras, não. “Mas, sempre, o fim de uma relação é algo que pertence às duas partes. Porém, a tendência é que tanto esse executivo quanto a própria empresa olhem apenas seu lado”.

 

Profissionais falando mal da empresa em que atuaram: regra ou exceção?

Guilherme Cavalieri acredita que o hábito de falar mal de ex-empregadores não é uma realidade disseminada. Porém, não chega a ser uma grande exceção. “Encontrar executivos ou executivas rancorosos com relação ao seu emprego anterior, infelizmente, é algo que tem acontecido com alguma frequência”.

 

Falar mal do antigo emprego pode prejudicar a imagem do próprio executivo?

Criticar o antigo emprego de maneira aberta, indiscriminada e agressiva pode prejudicar a própria imagem desse profissional. É o que defende Cavalieri.

“Acredito que esse risco precisa ser levado em consideração pelos executivos que estão em fase de transição de carreira, que estão no mercado. É importante evitar fazer comentários desse tipo, principalmente nas mídias sociais”, ressalta.

Ele admite que faz parte do comportamento dos seres humanos fazer comentários e desabafos para pessoas próximas, amigos e conhecidos.

“É diferente de você, de maneira indiscriminada, postar comentários ruins sobre seu ex-empregador em uma mídia social. Eu não recomendo de forma alguma que isso ocorra e com certeza isso pode manchar a carreira de um executivo ou executiva”.

Meios utilizados pelo profissional para falar mal da empresa ou do antigo chefe

As mídias sociais são usadas frequentemente por profissionais dispostos a falar mal da empresa onde atuaram ou do antigo chefe. Essa é a observação de Guilherme Cavalieri.

“É comum a pessoa postar um comentário negativo sobre o seu ex-empregador, o que é muito ruim porque seguramente chegará aos seus ouvidos, conforme é o desejo de quem redigiu esse desabafo, mas não é, de forma nenhuma, recomendável, segundo minha análise”.

Ele acrescenta que isso não mudará a decisão do empregador com relação à situação.  “Simplesmente pode manchar a carreira dessa pessoa, conforme mencionei anteriormente, porque, normalmente, em um processo de seleção, as empresas são consultadas como referência. Então, deixar relacionamentos bem solidificados e construídos onde se trabalhou é muito importante para construir sua imagem diante de um futuro empregador”.

 

O que as empresas podem fazer ao longo da relação com o profissional para evitar esse tipo de situação?

É muito importante que as empresas construam relações sadias dentro de seus ambientes organizacionais, conforme expõe Cavalieri.

“Não só porque é por meio dos profissionais que a empresa alcançará seus resultados e conseguirá atingir seus objetivos, mas em um ambiente onde as pessoas se engajam e têm satisfação em trabalhar, os resultados seguramente serão superiores”.

Ele afirma que todas as pesquisas realizadas até hoje sobre o assunto indicam que ambientes bons de trabalho, onde as pessoas se identificam com o propósito, gostam de exercer suas atividades profissionais e têm um alinhamento de valores e princípios são empresas que apresentam resultados superiores. “Isso por si só já vale muito na construção de um bom ambiente organizacional”.

Sobre o processo de desligamento, Cavalieri reflete: “Se a pessoa deixou para trás uma companhia onde viveu durante um período da vida com felicidade e realização, com sentimento de que dedicou seu tempo com qualidade, muito provavelmente, essa pessoa não falará mal dessa empresa”.

Ressalta ainda que o grande objetivo das organizações é que todos sejam suas vozes promotoras: “colaboradores, potenciais colaboradores, e pessoas que já saíram da empresa. Isso é possível de ser construído mediante relações francas, abertas, líderes bem preparados e um ambiente de trabalho onde as pessoas se identificam”.

 

O que pode ser feito durante o processo de demissão para evitar que o profissional fale mal da empresa?

“Quando os processos de desligamento são bem feitos, as chances de que o funcionário que está sendo desligado saia menos ressentido é grande”, explica Cavalieri.

Mas, o que seria um processo de desligamento bem feito? “Em primeiro lugar, a demissão não deve ser uma surpresa para quem está sendo desligado. Ou seja, o anúncio do desligamento deve ser precedido de pelo menos três ou quatro conversas anteriores, em que a empresa tenha colocado de maneira clara e aberta as expectativas com relação ao seu desempenho”.

Também é importante, observa, que tenha sido tentado um plano de recuperação ou desenvolvimento, que tenha sido reforçada mais uma ou duas vezes a insatisfação do empregador de que as entregas não estariam sendo realizadas conforme o acordado.

“Depois dessas etapas vencidas e no momento do anúncio propriamente dito, é muito recomendado que haja uma conversa clara e direta, em que as razões para o desligamento sejam colocadas de maneira aberta, que não restem dúvidas por parte do empregado que está sendo desligado.”

Ele orienta ainda que o colaborador desligado possa decidir se tem interesse ou não em aprofundar essa conversa e conhecer mais detalhes sobre o motivo de seu desligamento.

“É muito comum que as pessoas não tenham interesse em alongar muito essa conversa e normalmente a recomendação que eu sempre costumo dar é de que caso haja interesse do empregado que foi desligado em conhecer mais detalhes, entender, ter um feedback ainda mais apurado e detalhado, que isso seja feito em uma segunda conversa e não no calor emocional daquele momento”.

 

Ações paliativas podem evitar que o executivo se torne um detrator da imagem da organização após sua saída?

O processo de desligamento tem que ser sempre bastante cuidadoso antes, durante e depois do anúncio de demissão. É isso o que Cavalieri defende.

Ele ressalta que esse processo de comunicação precisa seguir para as pessoas que se relacionavam com o colaborador desligado, quer sejam eles o time mais sênior da organização, e a equipe do colaborador que foi desligado caso ele tenha uma posição de liderança.

“O que é muito importante é que esse tema seja conversado com o colaborador que foi desligado para que se combine o melhor momento para que o anúncio seja feito. O ideal é que isso ocorra o mais rápido possível para evitar que haja algum vazamento e as notícias cheguem de maneira distorcidas para o restante da organização”.

Ele aconselha que esse anúncio seja feito rapidamente, de maneira respeitosa, informando as razões pelas quais o colaborador foi desligado, enaltecendo suas qualidades e contribuições para a companhia. “Isso é muito relevante e ajuda a minimizar o impacto negativo de um desligamento”.

Cavalieri ainda complementa: “As empresas que são referência como boas para se trabalhar e se destacam na atração e engajamento de talentos, além de todos cuidados no desligamento já mencionados, possuem políticas de indenização adicional e suporte a recolocação ou transição de carreira. Valores suplementares às verbas legais são concedidos por liberalidade para ajudar financeiramente os colaboradores desligados. Muitas vezes, os valores levam em conta o tempo de empresa e idade do colaborador e são convertidos em múltiplos de salários. Além disso, o suporte técnico e emocional é concedido por meio dos processos de outplacement, que são extremamente úteis para apoiar esse momento delicado da vida dos profissionais.”

 

 

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