Olhar para dentro de si e reconhecer suas potencialidades é uma atitude que contribui para o sucesso no universo do trabalho e a realização pessoal. Por esse motivo, é tão importante buscar ferramentas que ajudem a promover o autoconhecimento na orientação profissional e usá-las a nosso favor.
Neste artigo, vamos abordar o tema, a partir de entrevistas com dois especialistas da área, Claudia Wrona e Fredy Figner, que apontam maneiras de fazer escolhas profissionais conscientes e satisfatórias. Acompanhe!
O autoconhecimento é um importante processo que acompanha uma orientação profissional eficaz. Ele permite reconhecer valores, expectativas, aptidões e interesses e, dessa forma, possibilita uma tomada de decisão consciente.
É tão benéfico ao colaborador quanto à organização, mas, devemos enfatizar: conhecer-se não é uma tarefa corriqueira. Exige um olhar voltado para dentro antes de qualquer outra ação.
Neste artigo, vamos abordar nortes que podem ajudar na escolha de um caminho profissional consciente, que tem como consequência a realização pessoal.
Para enriquecer nosso conteúdo, consultamos dois profissionais da área:
Claudia Wrona: diretora de RH América Latina na Dentsply Sirona. Formada em psicologia pela PUC-SP, pós-graduada em psicologia das organizações pelo Instituto Sedes Sapientae, especializada em gestão do conhecimento pela Fundação Getúlio Vargas e com executive MBA business administration and management pela Fundação Dom Cabral. Atuou em organizações, como Unilever, Pepsico e Ferring Pharmaceuticals.
Fredy Figner: consultor associado da Blumen Consultoria, psicólogo clínico e organizacional, com formação em psicologia positiva, terapia cognitiva comportamental, coaching e practitioner em programação neurolinguística e MBA em gestão estratégica de treinamento e desenvolvimento. Atua com a metodologia Assessment: DISC, Eneagrama, Human Guide e Grafologia..Há 17 anos na área de treinamentos, desenvolve pessoas e projetos, em empresas de médio e grande porte; além disso, é arteterapeuta e especialista em jogos de T&D. Também assina a coluna do portal iG – Sua Carreira no Divã.
Confira, no próximo tópico, a metáfora proposta pelo Mito da Esfinge e apontada por Claudia Wrona, que traz uma interessante reflexão sobre o assunto.
MITO DA ESFINGE: AUTOCONHECIMENTO COMO GARANTIA DE SOBREVIVÊNCIA
Um dos enigmas mais conhecidos da humanidade, não por acaso, conforme explica Claudia, a provocação “decifra-me ou te devoro”, referente ao Mito da Esfinge, remete ao autoconhecimento.
Na história mitológica, o famoso ícone questiona qual animal anda com quatro patas de manhã, duas à tarde e três à noite.
Uma resposta equivocada poderia ser fatal, uma vez que viajantes que não respondessem adequadamente ao questionamento, seriam devorados pela criatura.
A resposta correta é o homem: como bebê, engatinha para se locomover, anda em duas pernas na vida adulta e, na velhice, precisa contar com o apoio de uma bengala.
“A metáfora trata da necessidade de compreender a si mesmo como fator vital e necessário para a manutenção da própria vida”, reflete Claudia.
Já Figner, acrescenta que “o autoconhecimento não pode ser resumido apenas em conhecer sobre algumas características que você acredita que possua ou a leitura e reflexão de um livro de autoajuda”.
Para o psicólogo e mentor profissional, este é um processo contínuo que, ao longo das nossas histórias e vivências, vai se transformando, sendo que cada experiência possibilita um novo aprendizado.
“Percebo que a falta do autoconhecimento na orientação profissional impacta negativamente nas escolhas de cursos, empresas, faculdades ou formações, que em alguns casos não têm muito a ver com a pessoa. Nem toda fórmula pronta ou passo a passo leva ao autoconhecimento”, acrescenta.
COMO FAZER UMA ESCOLHA PROFISSIONAL CONSCIENTE E SATISFATÓRIA
O autoconhecimento na orientação profissional favorece a autopercepção, de acordo com Figner. “No ambiente profissional (virtual ou não), entender suas capacidades ou limitações, evita que você assuma projetos que não dará conta de fazer, ou subestime as suas potencialidades”.
Conforme explica, muitas pessoas sentem-se infelizes no que fazem, mas não sabem responder o que gostariam de fazer de suas vidas ou carreiras. Nesse momento, devem pensar em ajuda profissional como investimento e não como gasto. Isso porque sentir-se perdido profissionalmente pode aumentar a tristeza e ansiedade.
Para Claudia, com relação às escolhas profissionais, é ideal arquitetar cuidadosamente uma visão de futuro. “Assim, uma reflexão adequada pode incluir perguntas como: o que me vejo fazendo no futuro? Em que escopo de atuação? Em que tipo de organização? Em qual modelo de relação?”.
Alguns parâmetros podem ajudar na escolha profissional. Eles podem ser estabelecidos no momento de definir a faculdade que se deseja cursar ou até mesmo na meia idade, com a decisão de mudar de carreira.
Nesses casos, as pessoas percebem que metade da vida passou e que não querem continuar fazendo o que já fizeram. Por isso, a transição de carreira é cada vez mais comum entre os profissionais. “As pessoas toleram cada dia menos viver uma vida inautêntica e ‘longe’ de si mesmas. Daí iniciam a jornada na transição da carreira”, completa Wrona.
REFLEXÕES QUE FAVORECEM O AUTOCONHECIMENTO NA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Fredy Figner alerta que não há como atingir o autoconhecimento voltado à orientação profissional agindo de maneira simplista.
“A melhor forma de conhecer-se em todos os sentidos é fazer psicoterapia, pois, conhecendo seu funcionamento e sua história de forma mais ampla, vai conseguir responder muitas dúvidas e questões profissionais”.
Ele sugere, como alternativa para atingir esse objetivo a adesão ao método Assessment. “É uma metodologia que contribui também com algumas informações que são importantes. O processo de coaching (com um profissional ético) pode ser interessante e bastante facilitador. Mas muito cuidado com a escolha do profissional”.
De acordo com Claudia, algumas reflexões que podem contribuir para o autoconhecimento na orientação profissional são:
- Quais crenças e valores me mobilizam e me fazem acordar todos os dias de manhã?
- Como gosto de trabalhar?
- O que me encantou no trajeto?
- Quais foram os momentos de sucesso e o que estava em ação para isso?
Sentir-se valorizado e reconhecido é primordial para alguns. Outros, preferem ser desafiados. Há aqueles que desejam liderar pessoas e construir um time e também os que valorizam a autonomia.
Há quem se sinta bem nos bastidores, tem gente que está mais satisfeito na ribalta. Para alguns, estabilidade é importante, outros estão no seu melhor estado produtivo frente ao desconhecido e ao risco. E você? Em que condições o seu melhor está disponível?
FATORES QUE DEVEM SER CONSIDERADOS NA HORA DE DIRECIONAR O CAMINHO PROFISSIONAL
Se você leu nosso artigo até aqui, já percebeu que os momentos decisivos sobre futuros passos profissionais devem ser acompanhados por profundas reflexões sobre os próprios desejos e potencialidades.
Porém, além do autoconhecimento, que faz — ou deveria fazer — parte da orientação profissional, é necessário considerar outros fatores.
Conciliar desejo, competências, habilidades com a relevância no mercado pode evitar o famoso “tiro no pé”. “Vários fatores estão envolvidos. E alguns deles inclusive afetam outras pessoas — se você for um pai de família, por exemplo”, demonstra Figner.
Para lidar com esse tipo de situação, ele aconselha paciência e estratégia e ressalta que nem sempre uma simples troca de cartão significa conexão.
“É importante ler artigos, ver vídeos, escutar palestras com especialistas. Deixar sempre LinkedIn e currículo prontos para uma oportunidade que possa surgir. As pessoas precisam olhar o tema networking de uma forma mais ampla e estudar mais sobre o assunto”.
Claudia Wrona também faz sua análise sobre a relevância de outros aspectos além do trabalho na escolha profissional, entre eles, as relações familiares, interesse de dedicar tempo a outras atividades e planos pessoais.
“Seu momento atual também deve ser levado em conta, e identificar quais são os elementos que ancoram você em cada momento é importante na tomada de decisão. Procure identificar o que é essencial e o que você poderia abrir mão, se necessário. O trabalho é uma parte importante da vida de quase todos nós, e não precisa ser a única prioridade”.
Além disso, conforme expõe, é importante que o profissional verifique se possui condições de atender aos pré-requisitos do trabalho que almeja.
“Não é necessário saber absolutamente tudo, mas entender qual é a lacuna entre onde você está, e onde precisa chegar. E acima de tudo, se você tem as competências necessárias para aprender o que falta.”
Neste artigo, abordamos de que forma o autoconhecimento na orientação profissional possibilita uma tomada de decisão consciente e satisfatória. Se nosso conteúdo o ajudou de alguma forma, comente!
Queremos também convidá-lo, ainda, para sugerir temas a serem tratados neste espaço e desejamos compartilhar com você outros artigos de nosso blog!