Assisti recentemente o filme “Um senhor estagiário” com Robert De Niro. Além de divertido demonstra de maneira clara as competências necessárias para continuar ativo após a aposentadoria.
O filme retrata um viúvo americano, aposentado que já curtiu seu período sabático e deseja fortemente continuar ativo. Ben é contratado por uma startup promissora que vende roupas por e-commerce. Seus colegas são todos muito jovens, inclusive a dona do negócio.
A oportunidade na empresa surgiu de um programa para incluir os “seniores” e assim conferir à empresa uma imagem politicamente correta. Mas o que a princípio parecia algo apenas “de fachada” na evolução do filme se mostra um grande aprendizado para todas as partes.
Nosso personagem que um dia ocupou a cadeira de VP Comercial e Marketing, esbanja capacidade de adaptação às novas tecnologias, versatilidade, simpatia, colaboração, resiliência e humildade para ser inserido naquele novo contexto sem oferecer resistência ou parecer arrogante. Lidou pacientemente com os novos colegas e os conquistou com inteligência emocional, conhecimento e experiência.
Uma verdadeira lição nos egos maduros e empoderados que um dia já ocuparam altas posições, sendo também uma lição também para jovens envaidecidos que acham que já sabem tudo e que os mais velhos não têm valor.
Destaque para o objetivo principal do personagem – ser útil. Aqui a questão não é conseguir uma posição, status ou a remuneração que tinha e sim um trabalho. Esta mudança de foco pode mudar significativamente a vida de uma pessoa, e para melhor!
Nos Estados Unidos uma situação destas é comum, é comum passearmos em parques, supermercados ou restaurantes e nos depararmos com aposentados trabalhando em funções certamente menores do que ocupavam. Ao final do expediente vão para suas casas felizes, com sua renda complementada e mantém-se ativos ao invés de aguardarem a morte chegar reclamando de tudo e de todos. O sedentarismo físico e mental tortura e mata, silenciosamente.
Concordo que no contexto que vivemos no Brasil, este não é o melhor momento para falarmos de trabalho para aposentados, porém acho convidativa a reflexão. Que tipo de aposentados queremos ser?
Tirando o glamour hollywoodiano, afinal De Niro caiu em uma empresa onde todos são jovens, bonitos e tudo vai bem, pergunto, esta realidade é possível aqui no Brasil? A resposta ao meu ver é positiva e já conheço exemplos de pessoas que se aposentaram e estão criando uma nova vida. Foram-se os crachás, cargos e qualquer vestígio de arrogância. Hoje estão ativos em suas “novas profissões”, são independentes, antenados com tudo o que acontece no mundo, mantém vários relacionamentos, alcançaram as novas tecnologias simplesmente pelo fato de que não resistiram e sim, aliaram-se a elas.
No Brasil precisamos de leis menos paternalistas que alejam o empreendedor para migrarmos para um sistema de proteção justo e viável para ambas as partes quando se mira o crescimento econômico. No Brasil não podemos contratar seniores como aprendizes ou estagiários (como no caso do filme) e esta já é uma enorme barreira. Precisamos também de novas iniciativas empresariais para receber esta mão de obra tão qualificada que pode colaborar em muito para o desenvolvimento do nosso país. Seniores são mestres em atendimento ao cliente pois tem inteligência emocional para lidar com dificuldades, são ótimos com crianças ou em assistência social pois têm tempo, paciência e bagagem para lidar com pessoas, são ótimos professores, consultores, vendedores, e um sem número de outras aplicações para as quais possuem competência de sobra.
E se mesmo assim, oportunidades ainda não existirem em empresas ou comércios, ainda há a opção muito digna de exercer a cidadania envolvendo-se em projetos sociais em prol da comunidade. São muitos projetos, em várias localidades e que recrutam pessoas com habilidades e conhecimentos variados. Simples pesquisa na internet lhe oferecerá várias opções de voluntariado.
Só não vale ficar no sofá vendo a vida passar. O primeiro passo é acreditar que você pode ser o que quiser e despir-se de tudo o que não lhe agrega valor como a teimosia, mau humor, negatividade, arrogância, apego ao status, imagem ou posição que ocupava. Tudo isso não lhe serve mais (se é que um dia serviu para algo).
Ah, e não pense que para entrar neste novo mundo será obrigado a vestir-se como jovem, ouvir músicas que não gosta ou transformar-se em alguém que você não é. No filme você verá que além de ter mantido sua essência tradicional, De Niro ainda inspirou jovens com seu estilo!
Refaça sua mala para esta nova viagem com energia positiva, propósitos, valores fortes e uma infindável energia.
Seja feliz, um novo ciclo se inicia e recomeços são mágicos por natureza!
Escrito por Luciana Tegon Headhunter e Coach
Luciana Tegon Headhunter e Coach